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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

“Acho impossível jogar no América”, diz Wallyson

Felipe Gurgel - repórter de Esportes - Tribuna do Norte de 19/12/2010

Ex-atacante do ABC fala sobre a carreira

A maior revelação do futebol potiguar na década, o atacante Wallyson, está em Natal passando férias, depois de ter ajudado seu time, o Cruzeiro/MG, a conseguir o segundo lugar no campeonato brasileiro da série A e com isso garantir uma vaga para a Taça Libertadores da América, em 2011.

Nessa entrevista concedida para a TRIBUNA DO NORTE, o jovem atleta fala sobre sua saída conturbada do Atlético/PR, a chegada à equipe mineira, a sua relação com o técnico Cuca, por quem revela ter uma grande admiração, a morte de seu pai e o sonho de chegar à Seleção.
Por que saiu do Atlético/PR?
Aconteceram algumas coisas que eu não gostei. Logo quando fui contratado, o Atlético me prometeu várias coisas que não foram cumpridas e isso me deixou bastante chateado. Aí, eles me ofereceram um contrato de renovação e decidi não aceitar. O clube achou por bem entrar na justiça contra minha pessoa e também entrei contra eles, alegando não cumprimento de acordos e, graças a Deus a justiça foi feita e consegui vencer. Não tenho mágoas de ninguém do clube, até porque já passou. Agora, é bola para frente e tentar me superar em 2011.

 
Você acha que teve poucas chances no time paranaense?
Não. O problema é que, quando fui contratado, estava passando por um problema grave de contusão e isso me atrapalhou muito. Em 2009 tive minhas oportunidades e acho que fui bem. Infelizmente, esse ano passei por alguns momentos complicados, por causa de contusão e também com os dirigentes e meu futebol não apareceu.
 
Como surgiu a oportunidade de jogar no Cruzeiro?
Como falei, estava brigado com o Atlético/PR e estava querendo sair do clube. Surgiram algumas propostas de outros clubes, mas, a do Cruzeiro foi melhor para mim. Fora que a estrutura do time mineiro é fantástica. Uma das melhores do Brasil. Lá dispomos de tudo que um jogador precisa para trabalhar bem.


Como foi o momento que você marcou o gol no último jogo do Cruzeiro no Brasileiro, que poderia ter dado o título ?
Foi um momento assim, especial. Quando fiz o gol, tirei a camisa, gritei, comemorei como se fosse o gol do título, já que nossa equipe não sabia do resultado do jogo do Fluminense. Infelizmente o resultado que precisávamos, não veio. Mas, o gol foi muito importante, porque nos deu o vice-campeonato brasileiro e a vaga direta para a Taça Libertadores, que é um objetivo que o Cruzeiro vai tentar buscar.


Ansioso em disputar a Libertadores?
Estou muito confiante em fazer um bom trabalho. Mesmo de férias estou me tratando, mantendo a forma para começar o ano bem. A concorrência no Cruzeiro é muito forte e ninguém pode dormir no ponto. Quero me apresentar bem para poder ter uma sequência de jogos e me firmar de vez no cenário do futebol nacional.
 
Como é trabalhar com Cuca?
Só tenho a agradecer o Cuca. Ele me acolheu muito bem, assim como todos do clube. Cuca é como se fosse um paizão para os jogadores. Sabe lidar com todos, é brincalhão e treina um time como poucos técnicos. Ele me ajudou e vem me ajudando muito na minha adaptação ao Cruzeiro.

Como foi sua chegada em MG?
A cidade é muito tranquila, parecida com Natal. Sei que ainda estou devendo um pouco a torcida, que espera ver um melhor futebol de Wallyson, mas, estou trabalhando forte para que isso aconteça. Passei por um grande problema quando cheguei ao Cruzeiro, que foi a morte do meu pai e isso me abalou muito. Tive também uma contusão que me deixou fora dos gramados, mas, nessa reta final já pude voltar a jogar e espero dar continuidade em 2011.

Jogaria pelo América?
Tenho muito respeito pelo América, sou profissional e nunca posso dizer não para um equipe de futebol. Mas, por tudo que fiz pelo ABC, por todo carinho da torcida por mim e por ser meu clube de coração, acho impossível que eu jogue pelo América. Tenho uma amizade muito grande com o Souza, de quem eu sou fá, mas, não jogaria pelo América.

Você, que já passou pelo Atlético/PR e está no Cruzeiro, dois times com as melhores estruturas para os jogadores, falta muito para ABC e América chegarem a esse ponto?
Os times daqui ainda estão muito longe das equipes do Sul do país. Lógico que torço para que os clubes daqui estejam na série B, série A do Brasileiro, mas, ainda falta estrutura para os clubes daqui. O ABC vem trabalhando forte para melhorar sua estrutura, conseguiu voltar para a série B e tem tudo para chegar à série A. Na minha opinião, o ABC poderia ficar mais uns três anos na série B, para se reforçar ainda mais, não só dentro de campo, como também fora, para, quando chegar na série A, ficar um bom tempo. O América também precisa investir na estrutura do clube para poder chegar perto das equipes do sul do país.

Você tem o sonho de jogar em um grande clube da Europa?
Primeiro quero cumprir meu contrato com o Cruzeiro, que vem me dando todo o respaldo para jogar futebol. Assinei por dois anos e pretendo cumprir integralmente. Lógico que uma transferência para a Europa eu não posso descartar, já que é muito vantajoso, financeiramente falando, para qualquer jogador brasileiro. Mas, volto a falar, que primeiro quero ficar no Cruzeiro, ajudar o time a conquistar a Taça Libertadores, o Campeonato Brasileiro e depois, quem sabe, ir jogar na Espanha, por um Barcelona ou Real Madrid.

Seleção é um sonho ou uma meta?
Sempre pensei em defender o Brasil. Meu pai, que faleceu esse ano, tinha o sonho de me ver jogando com a camisa do Brasil. E vou trabalhar para realizar esse sonho dele. Sei que não vai ser nada fácil, muito pelo contrário, é difícil. Mas, vou fazer de tudo para alcançar esse meu objetivo. E sei que meu pai vai estar olhando por mim.

A família parece ser muito importante para você...
Com certeza. Família é a base de tudo. O jogador tem que ter cuidado com as amizades ruins, que aparecem apenas quando você está por cima. Por isso que o jogador tem que ter os pés no chão e escutar bastante o pai e mãe, porque eles nunca vão querer o pior para o filho. Sou muito ligado a minha família, a minha mãe, meus irmãos, e isso faz toda diferença. Também escuto muito meu empresário, que é como um pai para mim. Andaram falando muitas coisas dele que agora estão tendo que engolir o que falaram.
 
Tem saudade da torcida do ABC ?
Aqui é minha casa. Sempre que estou triste, que estou chateado com alguma coisa, venho para Natal e sempre dou uma passada aqui no ABC, que foi onde tudo começou. Era fantástico entrar em campo e ouvir a torcida gritando meu nome. O ano de 2007 foi marcante para minha carreira e sinto saudade daquele tempo.
 
Que conselho você daria para os jovens?
Nunca desistam de seus sonhos. A carreira de um jogador de futebol é muito complicada, o atleta tem que estar viajando direto, sem muito tempo para a família e para fazer o que gosta, mas, vale a pena. Então, digo para os jovens não se envolverem com pessoas erradas e trabalharem forte, com vontade que as coisas acontecem. O que não pode acontecer se realmente eles quiserem ser jogador, é desistir.

1 comentários:

Fco Cunha Cãmara disse...

Você foi em 2007 tudo para o ABC, e nós torcedores estamos sempre torcendo por vc, que sua carreira siga um rumo sempre com vitórias, pois além de úmilde vc é um grande jogador e É o nosso maior xodó dos últimos anos. FELIZ NATAL e UM ANO NOVO REPLETO DE CONQUISTAS. Obrigado por tudo , principalmente pelo placar de 5 X 2. Onde EU criei a frase "CINCO MUITO".

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