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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

COPA 2014

Caro(a) Cidadão(ã)
Por Poeta Maribondo

O anexo recomenda a qualquer pessoa que tenha amor a Natal, a leitura do documento publicado pelo CREA/RN, sob o titulo de Fórum de Discussão Técnica- Copa 2014, que aborda as fantásticas transformações que os políticos estão prometendo para Natal e o resto do RN, sobre os resultados da sociedade entre os donatários de nossa Capitania Hereditária e Sua Majestade Ricardo Teixeira, rei do futebol. penta campeão do mundo. Será, sem duvida um registro importante para a posteridade, e boa amostragem do que serão as eleições no próximo ano.
SOBRE O FÓRUM DO CREA/RN


Já está disponível a publicação sobre o Fórum de Discussão Técnica relativo a debates sobre a participação de Natal como sub-séde da Copa 2014, realizado em 3 de julho ultimo.
Sem dúvida o CREA/RN prestou inestimável serviço à nossa paróquia, e desde já parabeníso seu presidente Engenheiro Adalberto Pessoa de Carvalho.
Apesar de pequenas falhas e omissões, o documento é um sucesso em todos os sentidos, e, a simples leitura de alguns destaques de maior gravidade, deveriam, ou deverão ser motivo de profunda reflexão das autoridades deste estado nas três esferas dos poderes constituídos, bem como nas defensorias públicas, sobre a responsabilidade histórica que lhes pesa sobre os ombros, nesta transformação quase irreal que se pretende fazer na vida da cidade e do estado, tendo como motivo simples partidas de futebol, sem que hajam recursos disponíveis para tal empreitada, contando-se apenas com o aceno de uma PPP( Parcerias Publico Privadas) entre governos e Parceiros Fantasmas, através de uma SPE (Sociedade de Propósitos Específicos), cujo capital privado pode ser Nenhum, e o capital público, poderá ser Prejuízo.
Merece especial atenção: “É um projeto público, e conseqüentemente tem que ser transparente, tem que ser dado visibilidade,ser debatido.”
Do Secretário de Estado de Turismo.
Justamente o que não vem acontecendo até o momento,ninguém conhece o projeto nem quanto vai custar, não há garantias dos parceiros apenas anunciados pelo secretário, nem sequer perguntaram ainda se o povo concorda com a demolição de seu patrimônio, chegando a Casa Civil a dizer na imprensa que discussão sobre projeto da Copa é “matéria vencida”, ou seja, está decidido e pronto, pra que debate com a gentalha ? (haja democracia).

Outro destaque importante é do , jornalista Vicente Serejo, que diz: “Quem propôs que fosse feita uma reforma no Machadão, e fosse feito um imenso parque da cidade, está garantido unicamente pela jurisprudência da boa fé.

Porque,essa idéia não sustenta o negócio, e o problema do futebol é a bola.” Me permita professor, pode-se dizer que o balão esférico, sólido geométrico conhecido como bola, também é um bom negócio...

Professor Enilson Medeiros: “Se existem mil vagas de estacionamento hoje no Centro Administrativo e passaremos a ter sete mil, as correntes de tráfego que se destinam na área vão crescer sete vezes.” Me permita professor dizer que as correntes vão crescer muito mais, porque a FIFA pede só para o estádio 6.000 carros, mais 2.300 ônibus, se o shopping for do tamanho do Midway Mall, serão 12.000 estacionamentos rotativos mais 2.000 para os centros administrativos, somando já 18.000 quando funcionarem no pico, shopping mais estádio, faltando somar os estacionamentos permanentes dos condomínios (muitas vezes de 2 a 3 vagas por unidade condominial) que não se misturam com estacionamento coletivo. É simplesmente assustador o depoimento daquele ilustre especialista, aliás, são aterrorizadores todos os depoimentos dos participantes daquele importante encontro, com exceção, naturalmente dos depoimentos dos indefectíveis “garotos propaganda”.

Outro destaque decisivo é da Promotora de Justiça Dra. Gilka da Mata: “O licenciamento ambiental de qualquer empreendimento nessa área precisa ser muito transparente, e tem que ser rigorosíssimo para não haver problema” Sabe-se que não houve essa transparência, nem a devida publicidade, que as licenças ambientais e urbanísticas foram feitas a “toque de caixa” em recorde mundial de improvisação, e, ainda comprometeram o conceito do Ministério Público, anunciando que este aprovou tudo em cima da perna.

Por ultimo, cabe o destaque do Professor João Abner Júnior: “A melhor coisa que poderia acontecer para Natal seria demolir o Centro Administrativo, e reconstituir a sua função básica, ecológica, a cidade merece”. Perfeito professor, comungo com seu pensamento, embora do ponto de vista sócio-econômico seja recomendável evitar-se o desperdício, ou seja, a destruição daquilo que custou o dinheiro do povo, mas entendo que do ponto de vista ambientalista a tese pode ser discutível. Mas, o que não encontra explicação é fazer essa demolição com o propósito de criar um impacto que poderá ser da ordem de 22 vezes maior ( 2.200%) do que a área construída existente no momento, de cerca de 80.000,00 m2 (Observe-se que o terreno total aparece no mapa de folha 20 da publicação como tendo uma superfície 170.741.80 m2 da Prefeitura Municipal de Natal, e 367.549,00 m2, de propriedade do Governo do Estado, totalizando 53,82 há, que multiplicado pelo índice 3 permitido pelo Plano Diretor de Natal, pode chegar a uma área construída total de 1.764.600,00 m2).ou seja, uma população de cerca de 130.000( só 45.000 na arena, mais 60.000 no shopping center já somam 105.000) pessoas espremidas em um espaço mínimo, com uma densidade demográfica bruta de mais de 2.400 pessoas por hectare, jogando dejetos humanos “in natura”sobre a lagoa. (enquanto a densidade bruta máxima permitida pelo PD é 1.750 hab./há) E agora, senhores ambientalistas e senhores urbanistas ???
Como transação, pelas informações insistentes dos demolidores, a transação pretendida vai ser uma das maiores negociatas desse pais dos “Mensalões”, “ Foliadutos” e outros assaltos similares, haja vista que o patrimônio público que poderá ser avaliado em mais de um bilhão de reais vai ser dilapidado em troca de uma “arena” de trezentos e nove milhões, com perda de seiscentos e noventa e um milhões, diferença que irá alimentar a fome pantagruélica de espertalhões daqui e alhures .
O pior é que se derrubarem tudo como estão prometendo, não, vão construir nada porque os recursos provavelmente vão virar “Doril” e nós vamos ficar conhecidos como lorpas, pascácios e bovinos como diria Nelson Rodrigues.

Não se sabe ainda o resultado, mas, acredito que as pessoas dignas desta comunidade serão sempre gratas ao CREA/RN.



Moacyr Gomes da Costa
Arquiteto

Natal/RN, 13-09-2009

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